terça-feira, 7 de janeiro de 2014

O Perispírito ou Corpo Espiritual



O Perispírito ou Corpo Espiritual


Autor: Léon Denis. Livro: Depois da Morte



Os materialistas, em sua negação da existência 
da alma, muitas vezes têm
apelado para a dificuldade de conceberem um 
ser privado de forma. Os
próprios espiritualistas não sabem explicar como 
a alma imaterial,
imponderável, poderia presidir e unir-se 
estreitamente ao corpo material, de
natureza essencialmente diferente. Essas 
dificuldades encontram solução nas
experiências do Espiritismo.
Como precedentemente já o dissemos, a alma 
está, durante a vida
material, assim como depois da morte, revestida 
constantemente de um
envoltório fluidico, mais ou menos sutil e etéreo, 
que Allan Kardec denominou
perispírito ou corpo espiritual. Como participa 
simultaneamente da alma e do
corpo material, o perispírito serve de 
intermediário a ambos: transmite à alma
as impressões dos sentidos e comunica ao corpo 
as vontades do Espírito. No
momento da morte, destaca-se da matéria 
tangivel, abandona o corpo às
decomposições do túmulo; porém, inseparável 
da alma, conserva a forma
exterior da personalidade desta. O perispírito é, 
pois, um organismo fluídico; é
a forma preexistente e sobrevivente do ser 
humano, sobre a qual se modela o
envoltório carnal, como uma veste dupla e 
Invisível, constituída de matéria
quintessenciada, que atravessa todos os corpos 
por mais impenetráveis que
estes nos pareçam.
A matéria grosseira, incessantemente renovada 
pela circulação vital, não é
a parte estável e permanente do homem. É 
perispírito o que garante a
manutenção da estrutura humana e dos traços 
fisionômicos, e isto em todas as
épocas da vida, desde o nascimento até à morte. 
Exerce, assim, a ação de
uma forma, de um molde contrátil e expansível 
sobre o qual as moléculas vão
incorporar-se.
Esse corpo fluídico não é, entretanto, imutável; 
depura-se e enobrece-se
com a alma; segue-a através das suas 
inumeráveis encarnações; com ela sobe
os degraus da escada hierárquica, torna-se cada 
vez mais diáfano e brilhante
para, em algum dia, resplandecer com essa luz 
radiante de que falam as
Bíblias (antigas) e os testemunhos da História a 
respeito de certas aparições. É
no cérebro desse corpo espiritual que os 
conhecimentos se armazenam e se
imprimem em linhas fosforescentes, e é sobre 
essas linhas que, na
reencarnação, se modela e forma o cérebro da 
criança. Assim, o intelecto e o
moral do Espírito, longe de se perderem, 
capitalizam-se e se acrescem com as
existências deste. Daí as aptidões extraordinárias 
que trazem, ao nascer,
certos seres precoces, particularmente 
favorecidos.
A elevação dos sentimentos, a pureza da vida, os 
nobres impulsos para o
bem e para o Ideal, as provações e os 
sofrimentos pacientemente suportados,
depuram pouco a pouco as moléculas 
perispiríticas, desenvolvem e multiplicam
as suas vibrações. Como uma ação química, eles 
consomem as partículas
grosseiras e só deixam subsistir as mais sutis, as 
mais delicadas.
Por efeito inverso, os apetites materiais, as 
paixões baixas e vulgares
reagem sobre o perispírito e o tornam mais 
pesado, denso e escuro. A atração
dos globos Inferiores, como a Terra, exerce-se 
de modo irresistível sobre esses
organismos espirituais, que, em parte, 
conservam as necessidades do corpo e
não podem satisfazê-las. As encarnações dos 
Espíritos que sentem tais
necessidades sucedem-se rapidamente, até que 
o progresso pelo sofrimento104
venha atenuar suas paixões, subtrai-los às 
influências terrestres e abrir-lhes o
acesso de mundos melhores.
Estreita correlação liga os três elementos 
constitutivos do ser. Quanto mais
elevado é o Espírito, tanto mais sutil, leve e 
brilhante é o perispírito, tanto mais
isento de paixões e moderado em seus apetites 
ou desejos é O corpo. A
nobreza e a dignidade da alma refletem-se sobre 
o perispírito, tornando-o mais
harmonioso nas formas e mais etéreo; revelam-
se até sobre o próprio corpo: a
face então se ilumina com o reflexo de uma 
chama interior.
É pelas correntes magnéticas que o perispírito se 
comunica com a alma. É
pelos fluídos nervosos que ele está ligado ao 
corpo. Esses fluídos, posto que
invisíveis, são vínculos poderosos que o prendem 
à matéria, do nascimento à
morte, e mesmo, nos sensuais, assim o 
conservam, até à dissolução do
organismo. A agonia representa a soma de 
esforços realizados pelo perispírito
a fim de se desprender dos laços carnais.
O fluído nervoso ou vital, de que o perispírito é a 
origem, exerce um papel
considerável na economia orgânica. Sua 
existência e seu modo de ação
podem explicar bastantes problemas 
patológicos. Ao mesmo tempo agente de
transmissão das sensações externas e das 
impressões Íntimas, ele é
comparável ao fio telegráfico, transmissor do 
pensamento, e que é percorrido
por uma dupla corrente.
A existência do perispírito era conhecida dos 
antigos. Pelas palavras —
Och.ema e Férouer, os filósofos gregos e 
orientais designavam o invólucro da
alma “lúcido, etéreo, aromático”. Segundo os 
persas, assim que chega a hora
da reencarnação, o Férouer atrai e condensa em 
torno de si as moléculas
materiais que são necessárias à constituição do 
corpo, e, pela morte deste, as
restitui aos elementos que, em outros meios, 
devem formar novos Invólucros
carnais. O Cristianismo também conserva 
vestígios dessa crença. S. Paulo, em
sua primeira Epístola aos Coríntios, exprime-se 
nos seguintes termos:
“O homem está na Terra com um corpo animal e 
ressuscitará com um
corpo espiritual. Assim como tem um corpo 
animal, também possui um corpo
espiritual.”
Embora em diversas épocas tenha sido afirmada 
a existência do perispírito,
foi ao Espiritismo que coube determinar o seu 
papel exato e a sua natureza.
Graças às experiências de Crookes e de outros 
sábios ingleses, sabemos que
o perispírito é o instrumento com cujo auxílio se 
executam todos os fenômenos
do Magnetismo e do Espiritismo. Esse organismo 
espiritual, semelhante ao
corpo material, é um verdadeiro reservatório de 
fluídos, que a alma põe em
ação pela sua vontade. É ele que, no sono natural 
como no sono provocado, se
desprende da matéria, transporta-se a distâncias 
consideráveis e, na escuridão
da noite como na claridade do dia, vê, percebe e 
observa coisas que o corpo
não poderia conhecer por si.
O perispírito tem, portanto, sentidos análogos 
aos do corpo, porém muito
mais poderosos e elevados. Ele tudo vê pela luz 
espiritual, diferente da luz dos
astros, e que os sentidos materiais não podem 
perceber, embora esteja
espalhada em todo o Universo.
A permanência do corpo fluídico, antes como 
depois da morte, explica
também o fenômeno das aparições ou 
materializações de Espíritos. O
perispírito, na vida livre do espaço, possui 
virtualmente todas as forças que
constituem o organismo humano, mas nem 
sempre as põe em ação. Desde
que o Espírito se acha nas condições requeridas, 
isto é, desde que pode retirar105
do médium a matéria fluídica e a força vital 
necessárias, ele as assimila e reveste, pouco a 
pouco, as aparências do corpo terrestre. A 
corrente vital circula,
então, e, sob a ação do fluído que recebe, as 
moléculas físicas coordenam-se
segundo o plano do organismo, plano de que o 
perispírito reproduz os traços
principais. Logo que o corpo humano fica 
reconstituido, o seu organismo entra
em funções.
As fotografias e os moldes obtidos em parafina 
mostram-nos que esse novo
corpo é idêntico ao que o Espírito animava na 
Terra; mas essa vida só pode
ser temporária e passageira, porque é anormal, e 
os elementos que a produzem, após uma curta 
condensação, voltam às fontes donde foram
emanados.

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